28 de março de 2024

Jundiaí /SP

Todos, Discípulos Missionários de Nosso Senhor Jesus Cristo

A Vida é Missão −“Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8).

 

Caríssimos leitores e leitoras: no próximo final de semana (dias 17 e 18 de outubro), o 29º. Domingo do Tempo Comum, a Igreja celebra o Dia Mundial das Missões. Na Igreja do Brasil, o tema é “A Vida é Missão”. Já o lema, em sintonia com a Mensagem do Papa Francisco para este dia é: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8). Uma vez mais, apesar de ter abordado este tema no meu último artigo neste jornal, gostaria de meditar sobre esse importante assunto, tomando como ponto de partida da nossa reflexão a Mensagem do Papa Francisco deste ano para esta ocasião.

Inicialmente, é preciso levar em conta que estamos vivendo uma realidade nova e desconhecida para esta nossa geração. A atual pandemia, que afetou o mundo inteiro, também surgiu como um desafio à Igreja e aos cristãos em geral.

O Papa alude a esta triste realidade da pandemia, lembrando o que afirmara no Momento Extraordinário de Oração em Tempo de Pandemia, na entrada da Basílica São Pedro, em Roma, no dia 27 de março deste ano, a partir da passagem evangélica da barca com Jesus e seus apóstolos no meio da tempestade e que depois é acalmada (cf. Mc 4,35-41): “À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas, ao mesmo tempo, importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos”.

O medo e a morte que sempre nos assustam e desorientam fazem com que todos nós nos sintamos vulneráveis. Ao mesmo tempo é grande e comum o desejo de todos pela libertação dos males que nos afligem. É nesse contexto tão desafiador que a Igreja continua chamando seus filhos e filhas a saírem de si mesmos para se colocarem em Missão no serviço, na partilha e na intercessão. Diz o Papa Francisco: “A missão que Deus confia a cada um faz passar do ‘eu’ medroso e fechado ao ‘eu’ resoluto e renovado pelo dom de si”.

Nosso atual contexto social reforça cada vez mais esta verdade: a vida é Missão, e a Missão é a vida da Igreja. Somos chamados e enviados pelo próprio Cristo para continuarmos a sua missão. Ele deseja que todos nós, batizados em nome de Deus Uno e Trino, possamos assumir a nossa missionariedade nos pequenos e grandes gestos do nosso cotidiano. Continua afirmando o Papa Francisco: “A missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus. Mas esta chamada só a podemos sentir, quando vivemos numa relação pessoal de amor com Jesus vivo na sua Igreja. (…) Esta disponibilidade interior é muito importante para se conseguir responder a Deus: Eis-me aqui, Senhor, envia-me (cf. Is 6,8). E isto respondido não em abstrato, mas no hoje da Igreja e da história”.

Caríssimos leitores e leitoras: as crises e os desafios atuais não devem servir de pretexto para diminuir nosso entusiasmo e ardor pela Missão. Ao contrário, devemos estar cada vez mais atentos e alertas. É grande o número dos cristãos e cristãs que vivem sua missão. O Papa Francisco afirma, e com razão, que Deus continua contando com a soma dos nossos esforços, a força da nossa fé e o trabalho das nossas mãos:

“A compreensão daquilo que Deus nos está a dizer nestes tempos de pandemia torna-se um desafio também para a missão da Igreja. Desafiam-nos a doença, a tribulação, o medo, o isolamento. Interpela-nos a pobreza de quem morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem perde o emprego e o salário, de quem não tem abrigo e comida. Obrigados à distância física e a permanecer em casa, somos convidados a redescobrir que precisamos das relações sociais e também da relação comunitária com Deus. Longe de aumentar a desconfiança e a indiferença, esta condição deveria tornar-nos mais atentos à nossa maneira de nos relacionarmos com os outros. E a oração, na qual Deus toca e move o nosso coração, abre-nos às carências de amor, dignidade e liberdade dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por toda a criação. (…) Deus continua a procurar pessoas para enviar ao mundo e às nações, a fim de testemunhar o seu amor, a sua salvação do pecado e da morte, a sua libertação do mal (cf. Mt 9,35-38; Lc 10,1-11)”.

Continuemos firmes na nossa Missão de cada dia, colocando-nos sempre atentos e generosos diante de Deus, para sermos enviados em seu nome e, com a graça do Espírito Santo, prosseguirmos levando a fé, a esperança e o amor aos nossos irmãos e irmãs mais necessitados, particularmente neste tempo de pandemia. Que a Virgem Maria, Estrela da Evangelização e Consoladora dos Aflitos, continue intercedendo por todos nós.

E a todos abençoo.

Publicado no jornal A Federação em 15.10.2020.

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