19 de setembro de 2024

Jundiaí /SP

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Testemunhas da Ressurreição

“Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10)

 

Caríssimos leitores e leitoras: no último dia 12 de abril, celebramos a festa da Páscoa que, para os cristãos, representa a ressurreição de Jesus Cristo, consagrando, assim, a vitória da vida sobre a morte. Por isso, penso que é um tempo bastante oportuno para refletirmos sobre a vida e o seu sentido. Durante sua vida, Jesus nos ensinou que ele veio para nos dar a vida, e que esta fosse plena e abundante para todos (cf. Jo 10,10).

Lamentamos, todavia, considerar esse aspecto à luz da pandemia da Covid-19 que estamos enfrentando e que tanto nos ameaça. Cremos que a vida sempre é um dom do infinito amor de Deus que nos amou por primeiro. Cremos ainda que ela é um bem precioso, um valor inestimável e tem sentido desde o seu início até seu ocaso natural. Infelizmente alguns não acreditam nisto e promovem, a todo custo, a cultura de morte, mesmo neste tempo da pandemia, quando vivemos o grande drama de perceber a vulnerabilidade da vida e como precisamos defendê-la a cada momento.

Penso que diante de todo este cenário atual, é necessário pensar sempre como Jesus: devemos defender e promover o dom da vida e da vida em plenitude para todos. Podemos fazer isto não cada um agindo por si mesmo, do jeito que pensa e quer agir, mas percebendo a importância de descobrir caminhos de ação conjunta, buscar soluções de ajuda mútua, assumir caminhos comuns de solidariedade, vivenciar juntos a caridade fraterna, a exemplo do Mestre que nos ensinou, por palavras e por seu gesto heroico de amor até o fim, “que não há maior amor do que aquele que dá a própria vida por seus amigos” (cf. Jo 15,13).

Por isso, como não lembrar nestes dias, com renovada e sincera gratidão, tantos que, de uma maneira ou outra, são sinais de esperança e consolo para aqueles que sofrem momentos de solidão e sofrimento. Sua presença assegura-lhes uma assistência preciosa, em âmbito médico ou social, além do calor humano, do diálogo fraterno e da ternura oferecida. São verdadeiras testemunhas da gratuidade da vida, a forma mais eloquente do testemunho evangélico que leva a sociedade a ser mais atenciosa com a dignidade humana. Esta é a grande lição que podemos colher desta crise humanitária da pandemia: sermos educados para criar e fortalecer a cultura de solidariedade e acolhida, aberta às necessidades das pessoas mais frágeis e necessitadas. Tenhamos a plena certeza de que quem sofre compreende mais o valor do dom divino da vida para si mesmo e para os outros.

Só assim é que poderemos celebrar, de fato, a ressurreição de Jesus. De nada adiantaria se vibrássemos com a vitória de Cristo sobre a morte, e nada fizéssemos para que ele ressurja em cada um e cada uma de nós. Pouco ou nada adiantaria crer na força do Ressuscitado, se a sua nova vida não se tornasse palpável e visível naqueles que não têm a vida plena. Que o nosso testemunho de caridade fraterna e solidária faça com que haja vida, e vida em abundância para todos, principalmente neste tempo da pandemia. Sejamos verdadeiras testemunhas da Ressurreição!

Publicado no Jornal de Jundiaí em 03.04.2020.

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