26 de setembro de 2023

Jundiaí /SP

Sobre a Dignidade Humana em tempo de pandemia

“Deus disse: ‘Façamos um ser humano, à nossa imagem e segundo a nossa semelhança’” (Gn 1,26).

 

Caríssimos leitores e leitoras: de vez em quando, sempre aparecem, infelizmente, notícias de casos de desrespeito a pessoas por sua origem, suas ideias e opções, raça, cor, sexo, crenças, religião, cargo social e tantos outros motivos infames.

É por isso que vemos, com tristeza e consternação, ainda em nossos dias, pessoas sendo marginalizadas (muitas até dentro de suas próprias casas), sendo tratadas como inferiores, com sua dignidade forçadamente rebaixada e menosprezada.

Nós cremos que a pessoa humana é um ser único e irrepetível, pois ela existe como “eu”, capaz de autocompreender-se e de autodeterminar-se. Toda pessoa humana é dotada de inteligência e liberdade, capaz de refletir sobre si mesma e, portanto, tem consciência dos seus próprios atos. Portanto, a vida de cada pessoa humana tem uma história única, irrepetível e não comparável com nenhuma outra.

Consequentemente, cremos que cada pessoa humana deve ser respeitada em si mesma por parte de todos, e especialmente pelas instituições políticas e sociais. Deste modo, uma sociedade verdadeiramente justa só pode ser realizada no respeito pela dignidade de cada pessoa humana, de modo que a ordem social e o seu progresso devem ordenar-se incessantemente ao bem das pessoas e não o contrário.

Nós cristãos e aqueles que acreditam no Ser Transcendente cremos também que à pessoa humana pertence a abertura à transcendência: somente nós somos abertos ao infinito e a todos os seres criados. Somente nós somos “capazes” de Deus, porque com a sua inteligência e a sua vontade, somente a pessoa humana é capaz de se elevar acima de toda a criação e de si mesma, a fim de saciar o seu desejo, inscrito no coração humano, de poder encontrar a plena verdade e a suprema felicidade. Como também, somente a pessoa humana pode abrir-se ao outro, aos outros e ao mundo, porque ela pode compreender-se em referência a um “tu”, podendo dizer “eu”. Assim ela pode sair de si mesma, da conservação egoística da própria vida, para entrar numa relação de diálogo e de comunhão com o outro. Por isso, a pessoa humana pode manifestar e aprofundar atitudes morais e éticas tão necessárias em toda a convivência que se queira denominar como verdadeiramente humana, sendo cultivadas as virtudes como: a justiça, a honestidade, a veracidade, a solidariedade, o respeito mútuo, etc.

Assim, percebemos como é importante que cada um veja na outra pessoa o seu “próximo”, como um “outro eu”, como nos ensina o nosso Mestre: é preciso amar “o próximo como a si mesmo” (cf. Mt 22,39). Principalmente neste tempo de pandemia e de luta pela promoção e a defesa da vida humana, é essencial lembrarmos disto. Pois a vida de cada pessoa humana, principalmente das mais indefesas e vulneráveis, deve ser a meta e a prioridade de todos nós.

 

Publicado no Jornal de Jundiaí em 02.08.2020.

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