Confira os principais trechos da homilia do Papa Francisco na Missa de Encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2019, no Campo São João Paulo II.
“Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos n’Ele. Começou, então, a dizer-lhes: “Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir” (Lc 4, 20-21).
O Evangelho apresenta-nos, assim, o início da missão pública de Jesus… Momento importante na vida do Mestre quando Ele – a criança que Se formara e crescera dentro daquela comunidade – Se levantou e tomou a palavra para anunciar e realizar o sonho de Deus…
Jesus revela o agora de Deus, que vem ao nosso encontro para nos chamar, também a nós, a tomar parte no seu agora, no qual “anunciar a Boa-Nova aos pobres”, “proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos a recuperação da vista”, “mandar em liberdade os oprimidos” e “proclamar um ano favorável da parte do Senhor” (cf. Lc 4, 18-19)…
Nem sempre acreditamos que Deus possa ser tão concreto no dia-a-dia, tão próximo e real, e menos ainda que Se faça assim presente agindo através de alguém conhecido, como um vizinho, um amigo, um parente. Nem sempre acreditamos que o Senhor nos possa convidar a trabalhar e meter as mãos na massa juntamente com Ele no seu Reino de forma tão simples mas incisiva…
Não é raro comportarmo-nos como os vizinhos de Nazaré, preferindo um Deus à distância: magnífico, bom, generoso mas distante e que não incomode, um Deus domesticado… Também nós podemos correr os mesmos riscos que os vizinhos de Nazaré, quando, nas nossas comunidades, o Evangelho se quer fazer vida concreta e começamos a dizer: “Mas, estes jovens, não são filhos de Maria, de José, e não são irmãos de…? Não são aquelas crianças que ajudamos a crescer? Este ali, não é o que partia sempre os vidros com a bola?” E, assim, uma pessoa que nascera para ser profecia e anúncio do Reino de Deus acaba domesticada e empobrecida. Querer domesticar a Palavra de Deus é realidade de todos os dias.
E também a vós, queridos jovens, pode acontecer o mesmo, sempre que pensais que a vossa missão, a vossa vocação, e até a vossa vida é uma promessa que vale só para o futuro, nada tem a ver com o vosso presente… É a “ficção” da alegria…
Um dos frutos do Sínodo recente foi a riqueza de nos podermos encontrar e, sobretudo, escutar.
A riqueza da escuta entre gerações, a riqueza do intercâmbio e o valor de reconhecer que precisamos uns dos outros, que devemos esforçar-nos por promover canais e espaços onde nos comprometamos a sonhar e construir o amanhã, já hoje… Vocês, jovens, devem lutar pelo seu espaço hoje, porque a vida é hoje, ninguém pode lhe prometer um dia de amanhã. Jogue você hoje, seu espaço é hoje, como está respondendo a isso?
Porque vós, queridos jovens, não sois o futuro, são o presente, vocês são o agora de Deus. Não amanhã; mas agora!…
Para Jesus, não há um “entretanto”, mas amor de misericórdia que quer penetrar no coração e conquistá-lo. Ele quer ser o nosso tesouro: é amor de doação que convida a doar-se. É amor concreto, próximo, real; é alegria festiva que nasce da opção de participar na pesca miraculosa da esperança e da caridade, da solidariedade e da fraternidade frente a tantos olhares paralisados e paralisadores por causa dos medos e da exclusão, da especulação e da manipulação.
Irmãos, o Senhor e a sua missão são a nossa vida, de hoje e sempre caminhando!
Ao longo de todos estes dias, acompanhou-nos de modo especial o “faça-se” de Maria. Ela não Se limitou a acreditar em Deus e nas suas promessas como algo possível, mas acreditou em Deus e teve a coragem de dizer “sim” para participar neste agora do Senhor. Sentiu que tinha uma missão, apaixonou-Se, e isso decidiu tudo. Que vocês sintam que têm uma missão, deixem-se apaixonar e o Senhor decidirá tudo…
Quereis viver em concreto o vosso amor? O vosso “sim” continue a ser a porta de entrada para que o Espírito Santo conceda um novo Pentecostes ao mundo e à Igreja. Que assim seja!