Por Diácono Pedro Fávaro Júnior
Padre Márcio Felipe de Souza Alves foi o pregador do Retiro Anual dos Diáconos Permanentes e Esposas, realizado em Jundiaí, encerrado na tarde deste domingo (30 de setembro) com um almoço festivo, no Centro de Convivência Mãe do Bom Conselho das irmãs Agostinianas, no Bairro da Colônia, em Jundiaí. O retiro – que reuniu 65 diáconos, 40 deles com suas esposas –, começou na noite da sexta-feira, 28, e teve um itinerário alternado de sete importantes meditações, celebrações eucarísticas e de orações, como as do Ofício das Horas e o terço, e trocas importantes de experiência entre os participantes.
“Considero um dos mais animadores, entre os retiros que tivemos – e houve alguns muito bons – nos 24 anos do meu ministério”, avaliou o diácono Carlos Cubero, da Paróquia Nossa Senhora de Montenegro, no Jardim do Lago, ordenado em 22 de maio de 1994. “Houve muito equilíbrio entre o tempo de oração, meditação e convivência e, por tal razão, ninguém se dispersou. A pregação foi de uma simplicidade marcante e sempre propositiva, sem moralismos e exageros”, acrescentou.
O diácono Roberto Piovezan, atualmente na Paróquia Nova Jerusalém, concorda. Ordenado também em 1994, Roberto destacou a lembrança da figura de Monsenhor Joaquim Justino Carreira, padre muito querido na Diocese e depois Bispo Auxiliar na cidade de São Paulo e Bispo de Guarulhos, falecido em setembro de 2013, a partir de seu lema episcopal Pax Vobis – A paz (de Cristo) esteja convoco.
“Foi importante porque trouxe para nós todos uma figura que teve influência na vida de muitos diáconos e famílias de diáconos da Diocese, um modelo de cristão a ser seguido”, explicou Vanda, esposa de Roberto, que conheceu o monsenhor. “Eu diria também que o padre, apesar de jovem, nos seus 34 anos, pregou com muita humildade e sabedoria”, completou Roberto.
Para o diácono Roberto Kenji Horii, entre os pontos marcantes da pregação está o fato de as mulheres terem sido colocadas, a todo momento, numa condição de parceria como os maridos diáconos e, mais do que isso, numa condição de igualdade no que se refere à importância delas no ministério dos maridos. “Embora elas não recebam a marca indelével do Sacramento da Ordem, exercem o ministério com o marido, porque pelo matrimônio, o primeiro sacramento que uniu os dois, os dois são a mesma carne e pelo batismo as mulheres são profetas como e com eles”, comentou ao lado da esposa Gê.
O presidente da Comissão Diocesana de Diáconos, Irvando Luiz Ferreira Silva, agradeceu o sacerdote por sua disposição e trabalho e, emocionado, falando aos presentes no anfiteatro da Casa da Mãe do Bom Conselho, apontou o momento como fundamental para muitos que estavam ali com suas esposas e têm passado por fortes tribulações e sofrimentos, às vezes incompreendidos pelo pároco, outras pela comunidade. “Sairemos todos daqui com a certeza de que, ainda que soframos, ainda que esteja difícil estaremos com Deus, porque ‘Deus é o mar, o barco sou seu, minha esposa, somos todos nós”, disse pedindo a todos os presentes que abençoassem o sacerdote.
Linha de meditação
Iniciado na sexta-feira, o retiro foi introduzido por uma meditação do Evangelho do Lavapés (Jo 13, 1-20) intitulada Encontrar-se com Jesus é próprio de quem serve e seguiu apoiada em Marcos 1, 16-20, O Encontro com os quatro discípulos – a prontidão para seguir e servir Jesus na vocação diaconal; trazendo por Lucas (10,38-42) as figuras de Marta (ação) e Maria (oração) e a meditação sobre Jesus ensina a escolher a melhor parte, voltando para Marcos 8,33-38, Diáconos e Esposas renunciam a própria vida, sem se esquecer do Sacramento do Matrimônio, para seguir Jesus.
A penúltima meditação continuou a reforçar a importância do Matrimônio, numa reflexão iluminada por Marcos outra vez (10, 17-31), sobre Ser diácono é assumir a missão de ser esposo: desapego do efêmero, vivência da proposta de Jesus. A chave de encerramento das meditações foi o SIM de Maria – que torna possível a vivência dos sacramentos do Matrimônio e da Ordem, sem medo e sem recuos.
Padre Márcio Felipe presidiu a Eucaristia que encerrou o encontro destacando que a vocação diaconal, como a presbiteral e episcopal “vêm do alto”. “Não são escolhas humanas. Não é um padre que escolhe, ou o bispo. Não é você mesmo, nem sua mulher. Você pode querer ser, como o padre – seu pároco pode desejar que você seja, ou o bispo pode querer ordenar você. Mas isso só acontecer de fato e só se realiza, na plenitude, pelo amor e pela misericórdia de Deus”, assegurou o sacerdote.
Para encerrar a celebração, o padre, recordando que também é diácono, chamou o diácono mais novo, Hudele Fabrício da Silva, de 42 anos, e o diácono Boanarges Camargo, de 90 anos, para darem a bênção final e despedirem o povo, num momento que acabou se carregando de forte emoção positiva.
Presença do Bispo Diocesano
Dom Vicente Costa abençoou o retiro numa passagem rápida na noite de sábado, antes que fosse rezado o terço. O bispo falou da importância do ministério diaconal na Diocese, recordou alguns problemas que afetam a vida da Igreja na atualidade. “Peço que vocês ofereçam este terço pelo nosso Papa, por mim – bispo de vocês –, pelos bispos do Brasil e do mundo, e pelos nossos sacerdotes, diáconos e leigos”, pediu.