19 de março de 2024

Jundiaí /SP

A Semana Santa: Caminho para uma Vida Nova

“Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. O que era antigo passou: eis que tudo se fez novo” (2Cor 5,17).

Prezados irmãos e irmãs da Igreja de Deus que se faz presente na Diocese de Jundiaí:

Estamos prestes a vivenciar a Semana Santa, na qual celebraremos o Mistério Pascal de Jesus Cristo.

Entendamos o significado do “Mistério Pascal”. Em primeiro lugar, “mistério” não quer dizer algo escondido, difícil de entender. Para São Paulo (cf. Cl 1,26-27; Ef 3,4.9), “mistério” é um conceito-chave para entender Cristo e a salvação que ele nos comunicou. “Mistério” é o próprio Cristo, em pessoa, de modo que toda a história da salvação, preparada ao longo do Antigo Testamento, agora é plenamente realizada em Jesus Cristo, especialmente por sua morte na cruz, sua ressurreição dos mortos e a entrega do seu Santo Espírito.

Por sua vez, “Páscoa” vem da palavra hebraica “pessach” e significa “passagem”. No Antigo Testamento este termo lembrava a saída do povo de Deus da escravidão do Egito. Mas no Novo Testamento, a comemoração de antes agora se torna completa e plena através do sacrifício de Jesus Cristo, a verdadeira vítima imolada. Cristo, morrendo, destruiu a nossa morte e, ressuscitando, recuperou a nossa vida. O Senhor Jesus, “passando” deste mundo para o Pai, isto é, pela sua Páscoa, vence o pecado e a morte não só para si, mas para toda a humanidade. A tudo isto chamamos de “Mistério Pascal”.

É importante lembrar também que a ação litúrgica da Igreja, particularmente no domingo, dia do Senhor, não apenas recorda ou traz à memória os acontecimentos da vida de Jesus, como se celebra um aniversário. No final da Santa Ceia, o mandato de Jesus foi: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19). Trata-se de uma recordação eficaz, uma celebração que atualiza, isto é, torna presente e comunica a força salvadora dos acontecimentos passados de Jesus Cristo. Por isso, em seguida, ofereço-lhes algumas sugestões práticas de como poderemos viver os momentos mais marcantes desta abençoada semana.

1. Domingo de Ramos: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas! (Mt 21,9).

A Semana Santa tem início com o Domingo de Ramos, dia em que a Igreja comemora a entrada solene de Jesus em Jerusalém com cânticos de alegria e ramos de palmeira. Somos chamados a aclamar Cristo como nosso Rei e Senhor. Pedimos que ele entre em nossas vidas e que seu Reino se fortaleça em nossas famílias, em nossa Igreja e em nossa sociedade.

A celebração anual da Páscoa é constituída pelo Tríduo Pascal da paixão, morte, sepultura e ressurreição do Senhor, sendo o ponto culminante de todo o ano litúrgico. São três dias tão interligados entre si como se fossem um só. Vejamos!

2. Quinta-feira Santa:

(a) Missa do Crisma: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me ungiu” (Lc 4,18).

Na manhã da Quinta-feira Santa realiza-se a Missa do Crisma ou dos Santos Óleos, quando o Bispo Diocesano abençoa o Óleo dos Catecúmenos, o Óleo dos Enfermos e consagra o Óleo do Crisma. Em nossa Diocese celebramos este rito a partir de suas primeiras Vésperas, ou seja, na Quarta-feira à noite, em nossa Catedral. Vale ressaltar ainda que, nesta celebração eucarística, os nossos sacerdotes renovam suas promessas assumidas no dia de sua ordenação presbiteral.

(b) Missa vespertina da Ceia do Senhor: “Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12).

Na Quinta-feira Santa, à noite, na Missa “da Ceia do Senhor”, inicia-se o primeiro dia do sagrado Tríduo Pascal, com a celebração do momento santo no qual Jesus Cristo institui a Santíssima Eucaristia e o Sacramento da Ordem. Ainda nesta celebração se realiza o Rito do Lava-pés. Ao término dela, faz-se uma procissão para levar o Santíssimo a um lugar preparado com antecedência, onde permanecerá exposto durante a noite inteira e a manhã da Sexta-feira Santa. Esta é a celebração em que agradecemos ao Senhor por três grandes dádivas que nos deixou durante a Última Ceia: a Eucaristia, o sacerdócio ministerial e o mandamento do amor.

3. Sexta-feira Santa: Jesus, “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).

A Sexta-feira Santa, ou Sexta-Feira da Paixão, é a data em que lembramos o julgamento, paixão, crucificação, morte e sepultamento de Jesus Cristo. É o dia da prática do jejum e da abstinência da carne. Na Adoração da Cruz tenhamos presente que não estamos diante de um simples madeiro, mas sim, que osculamos a cruz banhada com o sangue do Redentor e de tantos irmãos sofredores.

4. Vigília Pascal: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Procedei como filhos da luz” (Ef 5.8-9).

A Vigília Pascal, que ocorre na noite do Sábado Santo, constitui o centro de todo o Ano Litúrgico, é considerada a mãe de todas as Vigílias. Cristo, vencedor da morte, faz-se presente em nós, comunicando-nos sua vida nova de Ressuscitado. A Páscoa de Cristo é nossa Páscoa, a Páscoa da Igreja.

5. Páscoa: “Ele (Cristo) ressuscitou! Não está aqui! (no túmulo”) (Mc 16,6).

Por fim, no domingo, a ressurreição de Jesus Cristo é o ponto central e mais importante da fé cristã. Através da sua ressurreição, Jesus confirma que a morte não é o fim e que Ele é, verdadeiramente, o Filho de Deus. O temor dos discípulos em razão da morte de Jesus na Sexta-feira transforma-se agora em esperança e júbilo. Sejamos testemunhas da ressurreição, demonstrando com nosso exemplo de vida que Cristo vivo continua amando e servindo através de nós.

Queridos diocesanos: viver o Mistério Pascal e a Semana Santa significa fazer memória de todas estas ações maravilhosas de Deus em nossa vida. Que o Cristo Morto e Ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, seja força e esperança em nossa caminhada.

De coração, desejo-lhes uma frutuosa e abençoada Semana Santa e a todos abençoo.

Dom Vicente Costa
Bispo Diocesano

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