O último dia 4 de julho marcou o primeiro ano da Páscoa definitiva do Cardeal Cláudio Hummes e para celebrar a memória de Dom Cláudio, o Papa Francisco enviou uma carta aos membros que participaram da segunda sessão da Cátedra Cardeal Claudio Hummes.
A sessão reuniu pessoas de todos os cantos do Brasil e de diferentes países para fazer memória e celebrar os pensamentos, as obras, a missão e o legado de Dom Cláudio Hummes. Participaram do momento, a secretaria executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), Irmã Maria Irene Lopes, o presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), Cardeal Pedro Barreto, o diretor da Programa Universidade da Amazônia (PUAM), Mauricio López, a vice-presidenta da REPAM, Yésica Patiachi, e o fundador do Instituto para o Diálogo Global e a Cultura do Encontro (IDGCE), Luis Liberman.
Francisco expressou sua proximidade e assegurou que “há um ano dom Claudio deixou de ser uma presença física para se tornar uma voz profética que nos lembra a cada passo que nosso compromisso é com os pobres, sempre e inexoravelmente”.
“Penso muito nele”, escreveu o Papa. “Sua participação fraterna no Conclave e sua liderança serena no Sínodo da Amazônia. Seu pensamento e seu legado são um testemunho vivo da luta pelo direito à história, à identidade e à realização dos povos indígenas da América Latina”, acrescentou.
O Santo Padre encorajou que a Cátedra Dom Cláudio Hummes “deve se multiplicar e servir como uma semente para que esse pensamento vivo se espalhe em ações concretas. Deve ser um rio de esperança que faça dos sonhos amazônicos uma pedagogia que converge com a ecologia integral e o pleno desenvolvimento da humanidade”.
Celebrar a vida e missão de Dom Cláudio
A secretaria executiva da Rede, Irmã Maria Irene Lopes, destacou a importância de celebrar a vida e a missão de Dom Cláudio e o que aprendeu com ele “reconhecer a beleza e toda a Graça que recebemos de Deus por meio da Criação”.
“Primeiro dizer que Dom Cláudio, como carinhosamente o tratávamos, nos deixou, na perspectiva da memória, um jeito diferente de pensar, agir, cuidar e nos relacionar com a Amazônia e seus povos. Seu jeito carinhoso e atento a tudo e a todos nos inspira na missão que desenvolvemos todos os dias. Seja na REPAM ou na Comissão para a Amazônia, aqui na CNBB, no Brasil, trago comigo o sentido de urgência: o povo tem pressa e não pode esperar. A Amazônia e toda a criação exigem de nós uma postura de reverência e cuidado. Assim como sinalizado no Sonho Ecológico do Papa Francisco, na Querida Amazônia, aprendemos com dom Cláudio a reconhecer a beleza e toda a Graça que recebemos de Deus por meio da Criação, em nossa Casa Comum, e nossa relação de cuidado e defesa tem que ser feita no aqui e agora, sem demora”, afirmou.
Irmã Irene ressaltou ainda os aprendizados e o legado deixado pelo cardeal. “Com ele e por ele temos um imperativo de olhar e nos relacionar com a criação de forma diferente, com ousadia e criatividade. Ele, mesmo diante das maiores adversidades, institucionais ou de saúde, soube buscar formas diferentes de cuidar das pessoas, da Igreja e da missão”.
“Nesse sentido, em nossas andanças pela Amazônia, nos sentamos ao lado de tantas comunidades e com elas muito aprendemos. Com dom Cláudio aprendi a valorizar, ainda mais, a importância da sabedoria ancestral e o conhecimento dos povos originários. Avançar para novas perspectivas de cuidado e relacionamento com a criação nada mais é do que resgatar para toda a sociedade práticas e atitudes que os povos da Amazônia cotidianamente realizam para com ela”, ressaltou a secretaria executiva.
Memória
O Cardeal Claudio Hummes foi fundamental para a presença e acompanhamento da Igreja Católica nos processos de efetivação e promoção dos direitos humanos e da natureza na Pan-Amazônia. Processos que são frutos da articulação da REPAM, que culminaram na preparação e condução do Sínodo da Amazônia e na criação de um órgão eclesial para a Amazônia (CEAMA), do qual foi o primeiro presidente.
A visão de Dom Cláudio da educação como ferramenta para a transformação das realidades levou-o a promover o Programa Universidade da Amazônia (PUAM) incentivando esse espaço a ser um instrumento de serviço ao território por meio do desenho de metodologias de educação, inspiradas e adaptadas à cultura e aos saberes dos diversos povos e comunidades presentes no território amazônico.
Também inspirou o Instituto para o Diálogo Global e a Cultura do Encontro a promover o Programa Internacional de Esperança, criado como uma “proposta de ação coletivo com impacto territorial ligada aos direitos humanos no marco de uma ecologia integral e de um bem viver para um futuro possível para todos”.
Fonte: vaticannews.va, com informações da REPAM