19 de março de 2024

Jundiaí /SP

O Sínodo dos Bispos sobre os jovens

Tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional” – “Aqui estou! Envia-me” (Is 6,8).

Prezados irmãos e irmãs da Igreja de Deus que se faz presente na Diocese de Jundiaí:

Teve início no dia 3 de outubro e foi até o dia 28 a 15ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em Roma. A assembleia sinodal discutiu a realidade dos jovens no mundo inteiro, refletiu sobre ela, e rezou por ela, enfocando a importância do seu discernimento vocacional a partir da fé. Este evento eclesial tão importante é mais um sinal claro da sensibilidade da Igreja diante do cenário mundial da juventude. No mundo de hoje, mais de 25% da população mundial é jovem – um recorde histórico – e a vida de muitos deles encontra-se ameaçada, pois nessa sociedade da “cultura do descartável”, a juventude vem perdendo o verdadeiro sentido da vida. A muitos jovens cristãos faltam a necessária luz e o adequado acompanhamento para fazer uma opção vocacional que lhes garanta um futuro feliz e plenamente realizado. Neste mundo em constante transformação, os jovens ocupam duas posições meio contraditórias: de um lado, representam os protagonistas da mudança e do futuro; mas, por outro lado, muitas vezes, são as principais vítimas dessas rápidas e profundas transformações. Desta maneira preocupa profundamente a questão da fragilidade do sentido da vida para muitos jovens: o alcoolismo, as drogas, a violência, a banalização da sexualidade, o vazio existencial, a solidão, o suicídio, o ateísmo, o materialismo. No Brasil, estes males são particularmente mais presentes nas camadas mais pobres e menos instruídas da população jovem.

Movido por um grande amor pela juventude, o Papa Francisco convocou um Sínodo dos Bispos com o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, com o objetivo de acompanhá-los no seu caminho de crescimento e maturidade. Desta maneira, através de um processo de cuidadoso discernimento, possam eles descobrir o seu projeto de vida e realizá-lo com alegria, abrindo-se ao encontro com Deus e os outros, e participar ativamente na construção de um mundo novo e de uma Igreja mais a serviço do Reino de Deus.

O que é um Sínodo? Este termo tem sua origem de duas palavras no idioma grego e quer dizer “caminhar juntos”. Logo, o Sínodo dos Bispos pode ser definido como uma reunião dos Bispos da Igreja Católica com o Papa, para discutir algum assunto em especial, auxiliando-o na direção da Igreja. Esta prática eclesial foi instituída pelo Beato Papa Paulo VI, em 15 de setembro de 1965, quase no final do Concílio Vaticano II (1962-1965). Desde então, foram realizadas 25 Assembleias Sinodais: algumas chamadas “ordinárias” a cada quatro anos, outras “extraordinárias”, convocadas pelo Papa a qualquer tempo. Existem também as Assembleias Especiais, realizadas por continentes. Após a realização do Sínodo, o Papa emite um documento chamado “Exortação Apostólica”, na qual resume e aprova as principais conclusões dos Bispos durante as reuniões ou encaminhe estas conclusões da maneira como ele achar melhor.

Desde a sua instituição, os Sínodos, na esteira da extraordinária experiência vivida nos quatro anos do Concílio Vaticano II, têm se mostrado muito importantes na vida e na missão da Igreja. Pois a Igreja precisa, permanentemente, ir conferindo sua caminhada ao longo da história com o Evangelho de Jesus, partilhando a diversidade de vivências que contribuem para captar melhor as inspirações que o Espírito lhe sugere em cada momento e situação diferente de sua história. Eis a questão central: “o que o Espírito quer dizer às Igrejas” (Ap 2,6…). Deste modo, uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, mais do que ouvir, onde cada um tem algo a aprender com o outro. A sinodalidade torna-se assim cada vez mais uma dimensão essencial da Igreja que busca viver cada vez mais a comunhão e a participação.

Para preparar a reflexão dos Bispos presentes neste Sínodo, foi elaborado um Documento Preparatório com um questionário, a fim de que os jovens do mundo inteiro, de 16 a 29 anos, fossem ouvidos. Milhares de jovens responderam a esta pesquisa, inclusive vários da nossa Diocese em nome do Setor Diocesano de Juventude. Inúmeros dados foram recolhidos, provindos de jovens que frequentam os ambientes eclesiais, bem como daqueles que estão mais distantes. Já o Documento Preparatório contém três partes: (1) Os jovens no mundo de hoje (o “ver”); (2) Fé, discernimento, vocação (“o julgar”); (3) A ação pastoral (“o agir”).

Basicamente, o tema central da vocação que o Sínodo dos Jovens abordou, incluiu três eixos principais: (1) A fé como dom de Deus, fonte do discernimento vocacional; para este dom se tornar fecundo, é preciso aceitar fazer escolhas de vida autênticas e coerentes. (2) O discernimento vocacional: o processo que o jovem, em diálogo com o Senhor e em escuta à voz do Espírito, faz para assumir escolhas fundamentais, a começar pelo estado de vida (ministério ordenado, vida consagrada ou matrimonial). (3) A vocação que exige a abertura missionária, pois todo processo de discernimento vocacional implica acolher a missão confiada por Deus a cada pessoa.

Os participantes do Sínodo dos Bispos sobre os jovens foram 266, sendo que 181 membros foram eleitos pelas várias Conferências Episcopais do mundo e 41, nomeados pelo Papa Francisco. Participaram também vários especialistas e convidados, entre eles 34 jovens entre 18 e 29 anos. Entre os brasileiros, estiveram presentes: Dom Vilsom Basso, SCJ, Bispo de Imperatriz (MA) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB; Dom Jaime Spengler, OFM, Arcebispo de Porto Alegre (RS); Dom Eduardo Pinheiro da Silva, SDB, Bispo de Jaboticabal (SP) e Dom Gilson Andrade da Silva, Bispo Coadjutor de Nova Iguaçu (RJ).

Quais os resultados que se esperam do Sínodo dos Bispos sobre os jovens? Em primeiro lugar, é preciso que toda a Igreja valorize mais os jovens e que ela se torne cada vez mais consciente de seu compromisso missionário de acompanhar todos eles para a alegria do amor que Jesus Cristo oferece a todas as novas gerações. Em segundo lugar, espera-se que a Igreja tome consciência do chamado universal do conceito de vocação e, em consequência, o vínculo que existe entre a Pastoral Juvenil e a Pastoral Vocacional. Isto significa que a Pastoral Vocacional não pode ser considerada como uma pastoral autônoma, paralela à Pastoral Juvenil. Pelo contrário, a Pastoral Vocacional deve ser uma dimensão essencial da Pastoral Juvenil, para que seja oferecido aos nossos jovens um processo de acompanhamento, através de atividades específicas, capacitando-os na reflexão sobre o sentido da própria existência em vista da opção por um estado de vida. Por fim, deseja-se que a opção pastoral pelos jovens venha confirmar a renovação eclesial tão desejada pelo Papa Francisco.

Queridos irmãos diocesanos: na Homilia da Santa Missa, celebrada na abertura do Sínodo dos Bispos, na Praça São Pedro, em Roma, no dia 3 de outubro de 2018, a partir das palavras do Evangelho: “O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há de recordar-vos tudo o que Eu vos disse” (Jo 14, 26), o Papa Francisco pediu que olhemos aos jovens “com confiança e amor”. Assim poderemos trabalhar “por derrubar as situações de precariedade, exclusão e violência, a que está exposta a nossa juventude”. (confira os principais trechos da homilia do Papa na Missa de Abertura do Sínodo, na página 4).

Pela intercessão de Maria, que em cada fase de sua vida acolheu a Palavra de Deus em seu coração (cf. Lc 2,19.51), tornando-a vida em sua vida, peçamos ao Senhor que inflame o coração da nossa juventude com o fogo do Espírito para que  possa discernir e seguir os caminhos do Senhor. Assim seja!

E a todos abençoo, particularmente os jovens que procuram buscar no Senhor o discernimento de sua vocação.

Dom Vicente Costa
Bispo Diocesano

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