21 de setembro de 2023

Jundiaí /SP

Fraternidade e Educação

“Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26).

 

Prezados irmãos e irmãs da Igreja de Deus que se faz presente na Diocese de Jundiaí:

A Campanha da Fraternidade (CF) é sinônimo de comunhão, conversão e partilha. Idealizada por Dom Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo de Natal – RN, hoje é um movimento nacional, abraçado pelas Igrejas Particulares da Igreja no Brasil. A CF nasceu em 1964, em um contexto do Concílio Vaticano II (1962-1965), o qual iniciou um tempo de profunda e radical renovação na pastoral da Igreja. Por isso, ela acontece sempre no período quaresmal e é um grande convite para nos convertermos à prática da justiça social, da solidariedade, da partilha e do amor a Deus e ao próximo. Os seus objetivos permanentes são: com base na justiça e no amor, educar para a vida fraterna; comprometer os cristãos, como também os homens e mulheres de boa vontade do Brasil com a busca pelo bem comum; relembrar a responsabilidade de todos em relação à evangelização.

Em todo o território nacional, várias instituições se juntam em nome da Campanha, promovendo ações sociais e pedagógicas com base no tema do ano. Além disso, a Campanha tem a Coleta da Solidariedade, realizada sempre no Domingo de Ramos, que neste ano será no final de semana dos dias 9 e 10 de abril. Nesta ocasião, todas as doações monetárias realizadas pelos fiéis são direcionadas ao Fundo Nacional e ao Fundo Diocesano de Solidariedade (FNS), que usa os fundos para ações sociais, geralmente ligadas à temática da Campanha do ano.

A Campanha de 2022 aborda o tema “Fraternidade e Educação”, e o lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), tendo como Objetivo Geral: “promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário”.

Para que a Campanha da Fraternidade seja mais bem desenvolvida e posta em prática, foram propostos sete objetivos específicos, que são: analisar o contexto da educação, bem como os desafios potencializados pela pandemia; verificar o impacto das políticas públicas na educação; identificar valores e referências da Palavra de Deus e da Tradição Cristã em vista de uma educação humanizadora; refletir sobre o papel da família, da comunidade de fé e da sociedade no processo educativo com a colaboração das instituições de ensino; incentivar propostas educativas que, enraizadas no Evangelho, promovam a dignidade humana, a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado com a casa comum; estimular a organização do serviço pastoral junto às escolas, universidades, centros comunitários e outros espaços educativos; e promover uma educação comprometida com novas formas de economia, de política e de progresso verdadeiramente a serviço da vida humana, em especial, dos mais pobres.

Caros diocesanos, como sabemos, Jesus foi o maior especialista na arte de ensinar. Ele é o Mestre, “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Ensinou com maestria. Foi Mestre em grau superlativo. Dominou com capacidade inigualável todos os recursos pedagógicos. Variava de método de acordo com as circunstâncias e pessoas. Para cada caso, usava um método próprio e adequado. Ele analisava as condições psicológicas das pessoas, atentava para suas necessidades, interessava-se por problemas pessoais e, a partir daí, mostrava caminhos e meios. Usava de perguntas, histórias, conversas, parábolas, discussões, dramatizações, lições objetivas, planejamentos e demonstrações. Ensinava multidões, grupos, e pessoas individualmente. Ensinava no templo, nas sinagogas, nas casas, nas praças, nas estradas, no deserto e na praia.

Ao proferir seus magistrais ensinamentos, Jesus não tinha como objetivo mostrar-se aos seus ouvintes com a sua incrível sabedoria ou encher-lhes a mente com princípios abstratos e impraticáveis. Ao contrário, ele tencionava transformar-lhes a vida através da prática de tudo o que ele ensinava: “Finalmente, torna-se aqui igualmente claro que Jesus não é apenas o mestre, mas também o redentor de todo homem: o Jesus como mestre é também o Jesus que cura” (Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007, p. 72).

O tema da educação nos apresenta, portanto, o Cristo Mestre que, em suas palavras e gestos, deseja instruir no amor e na sabedoria, pois quando  se fala da realidade educativa, ela não se restringe apenas ao ensino científico e técnico, mas ao desejo de lançar o olhar sobre a educação de forma integral e solidária. Assim, contemplamos e vivemos, como proposta de caminho orante e vivencial, o Mestre que nos educa e nos transforma.

O Texto-Base da CF deste ano leva-nos a um caminho pedagógico sobre o “escutar”, o “discernir” e o “agir”:

 

– ESCUTAR: “O ato de escutar é fundamental. Escutar é mais que ouvir. Escutar está na linha da comunicação, ouvir na linha da informação. Escutar supõe proximidade, sem a qual não é possível um verdadeiro encontro. A escuta permite encontrar o gesto e a palavra oportuna que nos desinstala da sempre e mais tranquila condição de espectador” (Texto-Base CF-2022, n. 26). O esforço pedagógico a ser empreendido é educar, antes de dar lições, é aprender com as lições cotidianas e com as crises e os tantos desafios que vivemos e enfrentamos. As projeções para a pós-pandemia apontam para uma nova realidade que traga esperança à medida que tenhamos aprendido as lições dos acontecimentos recentes. Em meio a tantas informações e mesmo fake news, é preciso passar da simples informação para o conhecimento e do conhecimento para a sabedoria.

 

– DISCERNIR: A educação é resultado de um pacto entre a família, a escola e a sociedade, com vista a oferecer os melhores esforços para formar pessoas maduras e com responsabilidade na construção do bem comum. Para isso, faz-se necessário selar um Pacto Educativo Global, como nos indica o Papa Francisco: “‘para reavivar o compromisso em prol e com as novas gerações, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão’, convidando todos a ‘unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna’” (Discurso no Encontro “Religiões e educação: pacto educativo global”, 5 de outubro de 2021).

 

– AGIR: a educação desinstala a pessoa da situação de mero expectador na sociedade, na comunidade e na Igreja para fazê-la assumir a missão cotidiana, permitindo acolher, compreender e transformar a realidade educativa. O Texto-Base propõe, portanto, iniciar processos a partir de pequenas práticas e pela perseverança em propósitos estabelecidos, como, por exemplo: a formação e a valorização dos professores; apoiar os Conselhos Municipais de Educação, dentro de uma visão de uma nova política que visa, realmente, ao bem comum de todos, principalmente dos mais pobres e necessitados; apoiar a cultura local e popular, como também os bens culturais, tão presentes em muitas da nossas igrejas tradicionais; tornar atuante a ação evangelizadora da nossa Igreja nas universidades e escolas públicas e privadas; promover ações da educação na fé nos nossos grupos eclesiais missionários; formar e apoiar a Pastoral da Educação em nossa Diocese e nas nossas Paróquias…

Queridos diocesanos: o campo de atuação na área da educação é enorme, árduo e exigente. Por isso, convoco a nossa querida e amada Diocese de Jundiaí a se desdobrar em iniciativas de serviços pastorais em favor da educação, a fim de que se realize o que nos diz uma estrofe do Hino da CF-2022: “Pedagogicamente é preciso / Escutar, meditar, compreender / Para que aprendamos com o Cristo / O caminho da cruz percorrer / E na escola da Sua existência / O evangelho seguir e viver”. Assim seja!

A todos abençoo, particularmente todos(as) aqueles(as) envolvidos(as), de uma maneira ou outra, com o mundo da educação.

 

 

Oração da Campanha da Fraternidade 2022

 

Pai Santo, neste tempo favorável de conversão e compromisso,
dai-nos a graça de sermos educados pela Palavra que liberta e salva.

Livrai-nos da influência negativa de uma cultura em que
a educação não é assumida como ato de amor aos irmãos
e de esperança no ser humano.

Renovai-nos com a vossa graça para vencermos o medo, o desânimo e o cansaço,
e ajudai-nos a promover uma educação integral, fraterna e solidária.

Fortalecei-nos, para que sejamos corajosos na missão de educar para a vida plena em família,
em comunidades eclesiais missionárias, nas escolas, nas universidades e em todos os ambientes.

Ensinai-nos a falar com sabedoria e educar com amor!

Fazei com que a Virgem Maria, Mãe educadora, com a sabedoria dos pequenos e pobres,
nos ajude a educar e servir com a pedagogia do diálogo, da solidariedade e da paz.

Por Jesus, vosso Filho amado, no Espírito, Senhor que dá a vida.
Amém.

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